sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Para o enriquecimento da alma

As almas devem compreender o tamanho de sua vontade.
Como então medir minha vontade?
Que deveria ser minha vontade?
Deveria aspirar a minha transcendência.
Não deveria sujeitar a minha felicidade ao desejo, ao querer de outrem.
Almas pequenas precisam encontrar em outrem a felicidade.
Por acaso isso seria a sua própria felicidade?
Por que não procurar uma felicidade introvertida?
Explicitar sua vontade implícita seria viver melhor consigo e também contigo.
Pois o que é bom para mim é bom também para outrem e não ao contrário.
Por que então fazer o inverso se já sabemos o resultado desde sempre?Pessoas amiúde não se conhecem, nem pretendem, mas já condenam os outros pelo que são.
Ah! Se as almas pequenas existissem primeiro, antes de começar a se vingar dos existentes.

(MS)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

América

Eu vejo um homem que pinta a espiritualidade de uma mulher,
Eu vejo e não interrompo esta experiência,
Isto pode me elevar.

E sua feminilidade pode me levar ao nirvana,
Eu vejo um pouco de luz que pode levar à América,
Eu durmo, pergunto e você transcende, mas eu quero saber...

E você me disse que está no fundo,
Enlouqueço pela dúvida,
Você me dá drogas para eu me sentir falso,

Mas essa batida frenética dói,
Só que as batidas das razões também ferem.
Vejo um fantasma: está procurando o que ser!

Vejo que posso tocar as razões do Desconhecido,
Vejo os óculos escuros que estão tampando a esperança da salvação,
É isso o que você ama e tem compaixão?
Eu assisto ao sorisso dado pela suas mãos.

( MV)

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Antes multicolor agora cinza

A paixão tornou-se cinza e meus olhos choram,
Com a tristeza de um dia de domingo,
Nuvens negras cobrem a beleza da felicidade,
Com o coração que faz julgamentos,
Estou cego em meio ao desespero.

Anjos não falam sobre sexo,
E demônios do seu destino,
Viver com o sabor das horas,
Que me separam de você,
O último suspiro me leva,
A dirigir dias felizes,
Que já se foram.

(MV)

sábado, 30 de agosto de 2008

Alice

Ali se eu estivesse, no Éden estaria,
Ali se eu estivesse, o caminho percorreria,
Ali se eu estivesse, o fim se desfaria,

Ali se eu fosse, eu não seria,
Ali se eu fosse, você não teria,
Ali se eu fosse, eles não saberiam,

Ali se eu pedisse,
Ali se eu implorasse,
Ali se desejasse, nada poderia,

Alice no princípio estive,
Alice o caminho percorri,
Alice o fim não se desfez,

Alice lá eu fui,
Alice lá você esteve,
Alice lá eles souberam,

Alice eu pedi,
Alice eu implorei,
Alice eu desejei, e agora, nós temos?

(MV)

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Doce Prazer

A preocupação de todos é como um conselho
Um tiro na fotografia da satisfação
O pesar é que ela não sangra nem morre
O sonho das brincadeiras são apenas palavras
No jardim do desejo onde ninguém semeia
Não há futuro diante da verdade.

A mentira que você afaga em seus braços
Como uma criança estranha
Irá crescer como sua dor
O tempo é um círculo, ele voltará
A explicação é uma benção não dita
Aos que querem um motivo para viver.

O pecado é uma instigante e maravilhosa forma de iludir
Seja eu ou o conselheiro, todos sucumbimos a ele
Vamos para a cidade do desejo, você vem?
Não recordo do simples fato onde é
Ele está onde quiser, eu o encontrarei
O prazer ainda é o atalho mais fácil para a felicidade.

(MV)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A partida

O olhar através da janela revela
Um gesto que se desfaz com
O cenário em movimento e
As lágrimas que fluem com
A separação da partida.

A estrada tem sabor de saudade.
E a solidão de quem fica é acesa
Por mais um cigarro que não basta
Para suprir a ausência de um vício
Que a destrói e edifica com dizeres.

O regresso é penoso, não estou lá!
A distância segue a sua lei selvagem
Com a kilometragem dilaceradora.
Mas o que nos falta é interromper
O contra-senso que a existência nos oferece.

(MV)

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Desespero do existir

O amor não é a única grande verdade que nos levará ao paraíso
A sinfonia inebriante da fé faz com que muitos se divirtam nesse jogo
Acordar nem sempre é possível sem uma nova visão do amanhã
Cochilando no vale da morte somos jogados na masmorra
A verdade dita consola o vazio do desespero que coroe a existência
Quero uma tv e uma arma para com quem conversar no jantar.

A beleza do existir é o prazer, custe o que custar ao próximo
Nem que seja a miséria que pagamos por nossa necessidade súbita
Hoje tudo é colorido artificialmente, a vida, o sonho e a esperança
Embora as mesmas não sejam notórias no âmbito do despejo da dor
O consciente sob pressão ao estilo de um decorador de almas perturbadas
Não serei monopólio de nenhum um ideal, continuo no lugar de esquecimento.

Que comece o definhamento em lágrimas, ela é tudo que tenho para consumir
O lenço que extrai a agonia da minha face é o mesmo que limpa minha boca de prazer
Farei de uma estrela meu coxim, aqui está insuportável, a sociedade em ruínas
O mundo está morrendo e o ouro negro nascendo, milliardaires, milliardaires
Eu acredito em segregações, muros, covardia, ódio, discriminação, inveja e poder
Andar nas minhas verdades é o veneno para o seu sono, eu acredito em você, e você?

(MV)

segunda-feira, 30 de junho de 2008

A concepção

O que restou da química do seu sorriso,
O leve e fresco ar da sua elegância,
Paguei e percorri um longo caminho Para ir ao lado errado de você,
A emoção de gastar foi à última,
Num vazio de uma rainha hipócrita.

Ela vai voltar e encontrar o que perdi,
Todo o tempo que não tive, ela só fez gozar,
O sofrimento do respeito forjado pelo dinheiro,
Eu nunca tive o tédio no meu sangue até você tocar meus lábios,
Ela sabe de tudo dentro de seu desejo,
poder e orgulho,
Não espero tocar a face de Deus e nem nada especial.

Apenas acreditar na farsa dessa garota,
Este é o tempo que tenho que esperar,
Até ele curva-se diante de mim feito uma piada,
O real se desfez dentro de seu amor,
A invenção de sua concepção gloriosa,
Sou eu que nada pude fazer.

Ela tem algumas faces que não consigo ver,
O subterrâneo está escuro como sua depressão,
Mais uma vez ela transou com narciso e eu aqui,
As luzes apagam devo ir para algum lugar,
Em casa sozinho novamente estou deitado,
Uma mão leve me sufoca até o despertar.

(MV)

sábado, 28 de junho de 2008

Estoicismo

Aplausos nus para uma crônica sobre Deus
Traços da virtude de um austero estão na juventude
Frustrada por não ser o que é
O tratamento é mais um dia com angústia
A compaixão flui como uma substância enigmática
Para a vergonha que é a esperança no próximo.

Os ensinamentos estão mortos para o ser vazio
A alegria do egoísmo de desejar a mudança do outro
É a introdução para a decadência do que existe
Mas o momento é de aprender com o inimigo
E o sofrimento estóico com sua fascinação
Pela vida que alcançará toda as metas.

(MV)

domingo, 22 de junho de 2008

Terra Estranha

A noite é mais solitária
O silêncio é frio
A grama é coberta pelo sangue do céu
O sol tímido nasce e morre na depressão do frio
A alegria bucólica que surge
Na arquitetura das ruas de Viena
É como beber um mint julep no verão de Long Island
Ao som de Chet Baker
Sem endereço me encontro em meio a dor da distância
Estar em casa a sós é confortante,
Temos consciência que há alguém próximo,
Mas não contigo

O tempo constrói e molda a sua maneira
Não há beleza,Nem dinheiro
Família e amigos lá estão
Aqui, eu destruo todas as projeções
De uma mãe para um filho
Coisas boas nem sempre estão em qualquer lugar...
A veracidade consta em você acreditar
Retornar não é a solução. Ir a diante é?
Não sei, continuo sem rumo ao tudo e ao nada
Absolutamente acreditando na farsa da mentira.

(MV)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Velório da vida

Acordei vendo tudo em negro, que dia é esse?
Nessa manhã escura percebo a tristeza
Estampada em todos, a natureza é a única
Intacta ao meu olhar cabisbaixo sobre
O terno que me veste, é como se fosse
Invisível, o modo de falar é um monólogo
Esquecido em meio às vozes da sociedade
Ouço lamentações e sinto lágrimas caírem

Nada é tão escuro como o medo e a frustração
De não ser o que você já foi, tudo está perdido!
Talvez eu não encontre a definição para hoje
Vou experimentar a saudade de desejar um
Dia sem tantos conhecidos, falam tanto ao
Meu respeito, gostaria de não ouvir tudo
À vela com seu perfume da morte está em
Todos os lugares, a última palavra citada é “amém”!

(MV)

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Buquê inconfundível

Bocejando diante a preguiça que envolve o meu corpo
O tempo devora a obrigação do sol em brilhar mais um dia
Tudo tão confortável na prática do nada
Garotos e garotas regozijam com a mesmice
Do outro lado a cidade pulsa, e eu a observo a poeira
Bailar no ar da sala, junto a um Malbec.

O estresse é ignoto como o trabalho
O dinheiro harmoniza a vida que levo
Rega o jardim dos meus prazeres
O Amanhã é distante de hoje, há muito que gozar
Entorpecido pelo ócio marco mais uma página do
Livro que lia até o entregador chegar com a comida.

Não sei o que compro hoje constelações ou almas
Com olhares distorcidos desisto da aquisição
Isso não é nada para a ganância de um homem
Preciso assinar o cheque da junção criatividade
Mente, infelizmente isso não pára de funcionar
Talvez eu compro a cura para todos os males.

Todos os crimes que a minha mente já executou
Não são suficientes para que me conduza ao fim
A própria me livra com suas ótimas defesas
Abro um Veuve Clicquot Ponsardin para
Celebrar mais uma absolvição do Super Homem
E a culpa no fim é revelada, o ócio está exausto!

(MV)

sábado, 17 de maio de 2008

A cirurgia da leitura

Shakespeare o globo foi pequeno para ti
Buda transformaram sua árvore em dinheiro
Para desfilarem na limusine da luxúria
Nietzsche será que futuro retornará
Para impedir que Goethe não seja mais o mesmo
Freud me disse que o único sorriso que amei foi
Da plástica feita pela bravura do capital, já que
Nem mesmo as poesias do Senhor Zimmerman
Convence-me que essa passagem é simples.

Outro dia encontrei Hesse em suas narrativas
Dizendo Mademoiselle permettez... Depois
De cometer um assassinato, Nem Kundera
Com seu riso cairia no esquecimento
Mann deveria nos levar para sua Montanha Mágica
E lá nos deixar para geladuras marcarem nossas faces
Mas somente os Deuses sabem como o descaso é
Uma arma na mão dos miseráveis
Querido Deus o seu amor é de matar.

(MV)

Condenados à liberdade

Esse escarro dado em suas costas
Foi como destruir sua dignidade
Desculpem-me por nada fazer
Meus sonhos são culpados por
Vender crucifixos sem valor
E o filho da verdade parte para
O fim dissolvendo todas as Dúvidas
O começo da mentira é empolgante
Mas o meio é anestésico para vida
Definitivamente a liberdade é uma
Prisão que todos nós perseguimos.


(MV)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

A breve vida

A mancha sempre será a memória
Daquela noite
Contar minha vida não seria fácil
Os tesouros cravados na coroa
Da insanidade, que dá vida as coisas bobas
Que me faz lembrar de ti
Consumido pelo absinto, a lua
Exibindo sua glória
A lição da manhã é árdua
Esquecer não é possível.

A fumaça modula uma cortina
Para morrer a cada respiração
Buscar uma saída é o mesmo que
Dizer adeus
O ar da mudança não é uma conversa
E nem te sentir perto de mim
A gravidade é você em meus braços
Eu sei que depois queremos a alma
Mas ela não nos pertence
Já que o amanhã é único
Deixemos a tristeza da tentação
Conhecer a solidão que é ser eterno
Isso é tudo!.

(MV)

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O caminho do meio

Supostas ruas me viram contornar as razões
E iniciar o futuro patético de sonhos
Comprados pelo desespero, nada para indagar
Suborno para possuir o sono da absolvição
Repetindo mais um dia com barbitúricos
Para a cama me aceitar com meus problemas
Continuar louco com intenção de obter um laudo
Que sou escritor da lucidez.

Dirigir a tranqüilidade da ação extrema
Do que eu não posso ser todo o tempo
Maneiras de publicar uma identificação
Precoce sobre vitimas, só há uma!
Fazer tudo de novo, em novas ruas
Permanecer onde estive não basta
Vou seguir o caminho do meio até o retorno.

(MV)

Encontros e desencontros

Sempre te quis, mas não demonstrei
Nunca mais te vi depois que te amei
Nunca soube por que te perdi
Sempre soube que não naveguei
Talvez seja porque o mar não espera.

Hoje tive a certeza que ao te perder ganhei
Talvez pela incerteza da vida ou quem
Sabe foram às ondas dos pensamentos
Que me fez recolher diante do tempo
Hoje mudei meu coração para um caminho
Estreito que ainda não conheço.

Talvez seja porque o romance está morto
Hoje o silêncio se fez presente em minha dor
Talvez porque pessoas como você não tenham escolha
Hoje é mais um dia e não nos encontramos
Dentro dessa mentira
Hoje talvez o sentimento torne-se
Fugaz e caia levemente na rua dos desencontros.

(MV,MS)

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Felicitate

A preocupação de todos é como um conselho,
Um tiro na fotografia da satisfação,
O pesar é que ela não sangra nem morre,
O sonho das brincadeiras são apenas palavras,
No jardim do desejo onde ninguém semeia,
Não há futuro diante da verdade.

A mentira que você afaga em seus braços,
Como uma criança estranha,
Irá crescer como sua dor,
O tempo é um círculo, ele voltará,
A explicação é uma benção não dita,
Aos que querem um motivo para viver.

O pecado é uma instigante e maravilhosa forma de iludir,
Seja eu ou o conselheiro, todos sucumbimos a ele,
Vamos para a cidade do desejo, você vem?
Não recordo do simples fato onde é,
Ele está onde quiser, eu o encontrarei,
O prazer ainda é o atalho mais rápido para a felicidade.



(MV)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Viver aprendendo. Aprendendo?

Nesse ano novo o que viver? Eu não sei. Posso dizer aos meus leitores que uma das primeiras coisas que ouvi foi uma música que dizia assim: ''cantar a beleza de ser um eterno aprendiz". Isso me confunde. Há beleza em ser um eterno aprendiz? Por acaso nós somos aprendizes eternos? Eu não sei disso não, aliás eu sei de nada. Eu vivo quebrando a cara, as pessoas que conheço também vivem quebrando a cara... Alguns dizem que com toda essa sacanagem que acontece com a gente nasce algo de bom: a experiência. Ganhamos experiência em tudo que fazemos, isso serve para podermos lidar melhor com os próximos desafios, mas eu anuncio que essa "experiência" só serve se repetirmos o mesmo erro, algo que seria no mínimo idiota tendo em vista que a gente já se ferrou com aquilo.

Por curiosidade a gente se dispõe então a viver algo novo, que por sinal é bem idiota também, porque se vamos viver o desconhecido é quase certo que vamos nos afundar de novo. O que concluo então? Concluo que estamos livres pra escolher entre duas opções idiotas: viver algo já vivido com a falsa esperança que podemos lidar melhor com o que achamos que já aconteceu, digo isso porque já temos uma ''experiência" e dificilmente a gente vai conseguir trilhar o mesmo caminho, logo vamos percorrer um novo caminho que ainda não conhecemos e obviamente iremos nos foder de novo. Podemos também escolher admitir viver algo novo sempre e sempre, ou seja, se ferrar sempre e sempre...

Retorno a pergunta: somos aprendizes eternos? Porra nenhuma! O que eu sei por analogia é que todo mundo morre. E se morre sabendo das coisas é até engraçado, !? E daí!? Morreu mesmo. Bem dizia Oscar Wilde: ''a minha experiência me ensina o seguinte: logo que alguém está velho o bastante pra saber das coisas, então já não sabe mais nada''. Enfim, experiência também tem prazo de validade, estamos na merda mesmo.

Apesar disso tudo eu adoro viver e sinceramente desejo a todos um grande e forte pára-choque nesse ano novo e sempre, para podermos viver melhor, apanhando, mas vivendo. Viver é adorável e bem idiota. Pra terminar eu cito Nietzsche: ''É isso a vida? Então vamos lá."


(MS)