segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A partida

O olhar através da janela revela
Um gesto que se desfaz com
O cenário em movimento e
As lágrimas que fluem com
A separação da partida.

A estrada tem sabor de saudade.
E a solidão de quem fica é acesa
Por mais um cigarro que não basta
Para suprir a ausência de um vício
Que a destrói e edifica com dizeres.

O regresso é penoso, não estou lá!
A distância segue a sua lei selvagem
Com a kilometragem dilaceradora.
Mas o que nos falta é interromper
O contra-senso que a existência nos oferece.

(MV)

4 comentários:

Anônimo disse...

''kilometragem dilaceradora'' soa como uma dor angustiante que a vida nos dá. Parabéns!

Dantterere - dantterere@gmail.com disse...

Gostaria de acreditar em coisas fantásticas como anjos, na maneira que as pessoas brindadas pela ingenuidade hereditária acreditam. Não creio que isso possa me ser acessível algum dia. No entanto, consigo ver os anjos-signos... Parecem-se com o que desenham as crianças... Seus vôos, são como minha vinda em teu blog... Leio a poesia, vôo em tua poesia, flano... E consigo tocar e ser tocado por ela, com a discrição que recomenda Heráclito... Assim creio, em anjos, no mundo dos anjos estranhos, mundo estranho e sempre secretamente bom... Santuário, relicário, que bom sempre poder vir... Obrigado, poeta... por existir...

f@ disse...

Este poema bonito daz viajar...Antes mesmo de partir já temos saudades...
Obrigada pela visita às nuvens... levo teu link para lá
Bj das nuvens

Cristina Caetano disse...

Quando é vício, a abstinência é muito sofrida. Mas é bem melhor nos livramos dele.

Obrigada pela visita. Tuas poesias são lindas. Que boa surpresa encontrei por aqui.

Beijinhos